Como a Raiva de um Menino de 10 Anos Mudou Meu Destino: Uma Jornada do "pé do morro" ao Colégio Militar

Às vezes, a raiva se torna o combustível mais poderoso para transformar destinos. Eu tinha apenas 10 anos, muita indignação e uma oportunidade única que poderia mudar meu futuro – se eu conseguisse agarrá-la. Esta é a história de como um menino do Vera Cruz decidiu destroçar as estatísticas e conquistar seu espaço. Uma jornada do "pé do morro" ao Colégio Militar, cheia de desafios, raiva e uma determinação que eu nem sabia que tinha. Quer saber como foi essa batalha e o que ela me ensinou? Vem comigo!

CARREIRAMINHA HISTÓRIAMENTALIDADE

Lucas Veríssimo

12/2/20242 min ler

Novembro de 1999 marcou um dos momentos mais decisivos da minha vida.

Nasci no bairro Vera Cruz, na periferia de Belo Horizonte.

Aquele tipo de lugar muito comum no Brasil: "ao pé do morro". Uma transição entre o morro e o asfalto – muito mais morro do que asfalto. Quem é, sabe. Quem é, se identifica!

A Realidade da Educação Pública

Infelizmente, a educação pública no Brasil é caótica. Os educadores fazem o possível, mas a estrutura parece desenhada para nos deixar sem capacidade crítica, sem acesso real ao conhecimento. Quanto menos sabemos, mais fácil é nos controlar.

A Oportunidade que Mudou Tudo

Em 1997, ouvi falar da oportunidade de estudar no Colégio Militar de Belo Horizonte, um colégio público federal.

Havia um vestibular: 80 vagas para mais de 2.000 crianças.

Consegui uma bolsa no Preparatório Objetivo Visão. Todos os dias, pegava o ônibus sozinho do bairro Vera Cruz até o Centro, próximo à rodoviária, e fiz isso durante um ano inteiro.

Estudava de manhã no colégio estadual Bueno Brandão, corria para casa para almoçar e depois ia ao cursinho.

Em novembro de 1998, após 3 semanas de prova, eram 80 vagas e eu fiquei na 122ª posição.

A Segunda Chance

Nesse concurso, só poderia entrar no 5º ano (atual 6º ano). Ou seja, se eu quisesse entrar, teria que "tomar uma bomba".

Passei o ano de 1999 estudando no Colégio Barão do Rio Branco. E à tarde? Toma-lhe mais cursinho.

Lucas Veríssimo indo fazer a prova final para ingressar no CMBH no ano de 2000.

Essa foto aí sou eu, PUTO, cheio de raiva, indo destroçar a prova pela segunda vez.

Diminuíram para 60 vagas em 1999. Mas eu só precisava de uma.

Fiquei na 42ª posição dessa vez. E o resto é história.

Oportunidades e Gratidão

No Colégio Militar, tive acesso a música todas as manhãs, de 2000 a 2006. Fiz muitos esportes. Tive um ensino de muita qualidade.

Não foram só flores, mas hoje não estou aqui para tecer críticas. Posso deixar isso para outro momento.

Hoje quero agradecer:

  • À minha mãe e ao meu pai, que sempre me apoiaram.

  • Ao colégio e ao cursinho.

  • À Associação de Pais e Mestres, que me ofereceu lanche e uniformes – que eram caros pra caramba e minha família não conseguia custear.

  • Ao Grupo Iúna de Capoeira Angola, que em 2005 custeou as mensalidades do colégio com a ajuda de um fundo italiano que apoiava a instituição desde 2000.

Apesar de ser público, estudar lá tinha uma mensalidade – algo que nunca entendi direito.

Uma Reflexão para Você

Escrevi esse texto para lembrar você de que, assim como eu, você já fez compromissos no passado, tomou decisões difíceis e importantes, que hoje rendem frutos na sua vida – mesmo que, às vezes, a relação de causa e efeito não seja tão clara.

Hoje eu agradeço a mim mesmo por ter tido senso de urgência e agarrado uma oportunidade aos 10 anos de idade que mudaria meu futuro.

Te convido a agradecer você: Lembre-se de algo parecido que você tenha feito por si mesmo.

Caso queira contar algo similar sobre sua vida, fique à vontade. Ficarei feliz em conhecer mais sobre você!